É comum recebermos prescrição de medicamentos para nos tratar após consultas médicas, mas, muitas vezes, não sabemos o que fazer com os que sobram após o tratamento. Devido a isso, esses medicamentos acabam sendo desperdiçados, seja pelas unidades de saúde ou por nós mesmos. Como apontado por um relatório da Controladoria Geral da União entre os anos de 2014 e 2015, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de 7,1 bilhões de reais por ano em compras de medicamentos de alto custo.
Nesse relatório, o mais curioso é que cerca de 16 milhões foram desperdiçados devido à validade vencida e armazenamento incorreto dos medicamentos, destacando o grande desperdício nas cidades da Bahia, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Na Bahia, cerca de 200 mil comprimidos de Olanzapina, medicamento utilizado no tratamento da esquizofrenia, foram descartados por validade vencida, antes mesmo de serem utilizados, totalizando um desperdício de 3,5 milhões de reais.
No Rio de Janeiro foram perdidos mais de mil frascos de Boceprevir, medicamento usado para o tratamento da Hepatite C, tendo cada unidade o valor aproximado de 6 mil reais.
Em Brasília, devido à armazenagem na temperatura incorreta, imunoglobulinas humanas e outros remédios foram perdidos.
Além dessas cidades, outros 9 estados relataram armazenamento inadequado, como no Amapá, onde encontraram embalagens de sucos e refrigerantes nos mesmos refrigeradores utilizados para estocar os remédios.
Os exemplos em torno desta problemática são inúmeros. E essas situações, por muito, resolvem-se com um controle maior do estoque de medicamentos.
Além dos poderes públicos, nós, em nossas casas, também geramos muito desperdício. Principalmente pela estocagem de medicamentos, que leva a um aumento dos medicamentos com validade vencida, inutilizando-os. Por isso, a grande importância do fracionamento de medicamentos, como mencionamos em nosso texto “Fracionamento de medicamentos: qual a sua importância?”. Esse fracionamento necessita de um farmacêutico responsável pela dispensação dos medicamentos; contudo, conforme relatório da ANVISA (2011), menos de 30% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) possuíam esse profissional, sendo ele o único capacitado para esta função.
A falta de um especialista, tanto no armazenamento quanto na dispensação dos medicamentos, interfere nas condições que eles serão mantidos e estocados, implicando nessa enorme perda das unidades de saúde. A saúde brasileira, comparada a outros países, tem alto custo, e, mesmo assim, a população ainda sofre com a falta de medicamentos. Quantas pessoas seriam beneficiadas se pudessem ter usado esses medicamentos antes de serem perdidos?
Existem algumas formas de diminuir esta problemática:
Melhorar a forma como é feita a gestão dos remédios.
Ampliar a fiscalização de farmácias e unidades de saúde.
Ampliar a atuação do farmacêutico para que exista uma cadeia estruturada de armazenamento e transporte de medicamentos.
Nos atentar para o prazo de validade dos remédios, priorizando os medicamentos mais antigos.
Não expor os medicamentos ao sol e ao calor.
Comprar apenas a quantidade necessária para o tratamento.
Além disso, também devemos fazer nossa parte : realizar o descarte correto dos mesmos, direcionando-os para pontos de coletas específicos.
Referências:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41007650
https://blog.hygia.com.br/desperdicio-de-medicamentos/
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33864/285104/Diagnostico_situacionalRelatorio_UBS_final_jan2011.pdf/5e3f1257-90b8-4c94-81c1-46b33cb83170?version=1.0
http://observatoriodasauderj.com.br/desperdicio-de-medicamentos-causa-deficit-milionario/