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Descarte de contraceptivos


Hoje, nós do DescartUFF iremos falar um pouco sobre os contraceptivos; mais especificamente, sobre o seu descarte. Há muitos motivos pelos quais se descarta um contraceptivo: data de validade vencida, danos na embalagem, por estar fora dos padrões de qualidade corretos, recall do lote, após sua utilização (quando de látex) e até mesmo sua embalagem. Contudo, primeiro, é importante identificá-los.

Os métodos modernos de contracepção podem ser divididos em dois grupos principais: os hormonais e os físicos - à base de látex (preservativos), plástico ou cobre (dispositivos intrauterinos). Esses métodos apresentam diversas funcionalidades: além de evitar a gravidez indesejada, podem servir como forma de tratamento de algumas condições patológicas, como na síndrome do ovário policístico, e os preservativos de látex, impedem infecções sexualmente transmissíveis.

No Brasil, os contraceptivos hormonais femininos são preferencialmente utilizados como métodos contraceptivos, como é o caso das pílulas orais, pílulas contraceptivas de emergência - popularmente conhecidas como "pílulas do dia seguinte", e contraceptivos injetáveis. Quando não descartados de maneira adequada, podem gerar diversos riscos de poluição ambiental. Diversos estudos apontam como o estrogênio ambiental tem efeito na vida aquática, principalmente em populações com exposições relativamente alta, mas, produtos químicos que agem como hormônios, causam danos à saúde até mesmo em dosagens baixas. Dentre os efeitos observados é a correlação entre a mudança de comportamento e formação de ovas em peixes machos (feminização) com a presença de hormônios femininos, como o estrogênio, no ambiente aquático; quando esta feminização ocorre em níveis altos, a capacidade de reprodução dos peixes pode ser impedida, o que pode levar ao colapso de muitas espécies. Além disso, pode provocar a diminuição da procriação das fêmeas e consequentemente, o desequilíbrio dos ecossistemas.

Os métodos contraceptivos hormonais, como a pílula anticoncepcional, quando descartados em pias ou em vasos sanitários, são encaminhados para a rede de esgoto. Primeiramente podem ter dois destinos: serem despejados diretamente em rios, lagos ou oceanos, no caso de regiões não assistidas pelo saneamento básico; ou as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Ao passar pelas ETE, o efluente também é lançado nos corpos aquáticos e, a partir das águas superficiais, em seguida se encaminha para as Estações de Tratamento de Água (ETA) para, ao final, chegar ao abastecimento público. Porém, aqui no Brasil, tanto as Estações de Tratamento de Esgoto, quanto de Água, não são capazes de remover essas substâncias hormonais, já que as metodologias utilizadas não são eficazes para ela. Logo, ao final destes processos, estes hormônios retornam à população pela água que chega em suas casas, podendo ser ingeridos novamente e causar desequilíbrios em seus sistemas endócrinos.

O outro tipo principal, o látex, usado principalmente nos preservativos masculinos, pode ser confeccionado com material biodegradável, mas ainda há os preservativos de poliuretano, os quais não são. Além desses dois materiais, os preservativos ainda contam com outros tipos de resíduos como coberturas ou embalagens primárias e secundárias, que podem ser recicladas. Um amplo estudo realizado na Índia demonstrou que o descarte incorreto dos preservativos de látex e de suas embalagens trazia efeitos danosos para a sociedade e para o ambiente, como a ingestão por animais de rua, a exposição das pessoas que coletavam na rua, o tempo longo para a biodegradação, entupimento de bueiros e custos de limpeza das estações de tratamento e esgoto.

O descarte de contraceptivos é simples. No caso dos anticoncepcionais hormonais, ingeridos como medicamento, devem ser descartados, assim como os outros fármacos, devolvendo a embalagem primária (a que teve contato com o medicamento) e o próprio do fármaco (caso esteja vencido, não seja mais utilizado ou por estar danificado), para as farmácias que fazem o descarte correto dos mesmos. As farmácias serão responsáveis por encaminhar esses produtos para diferentes procedimentos, como incineração, inertização, encapsulamento e decomposição química. Já no caso dos preservativos, é necessário que o consumidor os embrulhe com papel e jogue no lixo comum, e não os descarte em vasos sanitários, pias ou nas ruas. Além disso, os preservativos não podem ser reciclados.

Fontes: http://www.center4research.org/safely-dispose-leftover-pills/ https://www.healthline.com/health/do-birth-control-pills-expire#1 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5159203/ https://www.researchgate.net/publication/235306176_Environmental_impact_of_contraceptive_use_an_overview_of_available_evidence https://www.unfpa.org/sites/default/files/resource-pdf/Safe%20Disposal%20and%20Management%20of%20Unused%20Unwanted%20Contraceptives_2.pdf http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/residuos-de-medicamentos-e-hormonios-na-agua-preocupam-cientistas/ https://www.nationalgeographic.com/news/2016/02/160203-feminized-fish-endocrine-disruption-hormones-wildlife-refuges/ https://www.fae.br/mestrado/dissertacoes/2013/Polui%C3%A7%C3%A3o%20do%20Ambiente%20Aqu%C3%A1tico%20por%20Horm%C3%B4nios%20Naturais%20e%20Sin%C3%A9ticos%20-%20um%20estudo%20em%20Po%C3%A7os%20de%20Caldas%20-%20MG..pdf https://ehp.niehs.nih.gov/doi/10.1289/ehp.10443 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016648014003712?via%3Dihub

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