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Dois meses de pandemia: a eficácia de medicamentos já existentes contra o novo coronavírus


Nós do DescartUFF estamos trazendo toda semana atualizações sobre os fármacos e possíveis tratamentos para a COVID-19 e agora, no marco de 2 meses após a declaração da OMS de início da pandemia, como estão os estudos dos quais já falamos no site? Lembrando que todos esses medicamentos são devido ao reposicionamento de fármacos; eles eram utilizados no tratamento de outras doenças e apresentaram alguma eficácia no tratamento da COVID-19, podendo assim, pular diversas etapas antes da sua utilização. Além disso, diversos novos mecanismos e alvos virais estão sendo observados, pois a Síndrome Respiratória Aguda é apenas mais uma faceta do vírus que leva a complicações sistêmicas, como o acometimento do sistema circulatório, pele, sistema nervoso e sistema digestivo.

Ibuprofeno:

Apesar de no início da pandemia o uso do ibuprofeno não ter sido recomendado contra o novo coronavírus, dado que observações médicas na França apontaram para quadros mais agressivos da doença quando o medicamento era usado, tanto a OMS, quanto a Anvisa voltaram atrás em suas decisões em março, apesar de manterem vigilância sobre a situação. Apenas estudos epidemiológicos mais robustos podem esclarecer melhor os efeitos dos anti-inflamatórios no tratamento da infecção pelo SARS-CoV-2. A recomendação atual aponta para utilizar medicamentos analgésicos e antitérmicos apenas seguindo orientação médica, sempre lendo a bula e usando a dosagem mais baixa capaz de controlar os sintomas.

https://pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/saude/5325-anvisa-ibuprofeno.html

Remdesevir:

Aprovado provisoriamente para o uso em pacientes com COVID-19 em condições graves, esse medicamento desenvolvido para o tratamento do vírus Ebola foi um dos primeiros medicamentos a ser utilizado de forma compassiva para pessoas em condições emergenciais e para estudos clínicos. Diversos estudos clínicos ainda estão sendo feitos, contudo o primeiro estudo com placebo utilizado com controle realizado na China demonstrou que o medicamento não apresentava benefícios clínicos ou virológicos em comparação ao grupo placebo. Além disso, causou efeitos adversos nas pessoas, levando ao término precoce do estudo. Portanto, sua eficácia ainda é inconclusiva, apesar de aparentemente não ter efeito em pacientes graves.

https://www.kurzy.cz/tema/5934264.html https://www.businessinsider.com/chloroquine-remdesivir-compassionate-use-coronavirus-what-it-means-2020-3 https://www.ema.europa.eu/en/news/ema-provides-recommendations-compassionate-use-remdesivir-covid-19 https://www.canada.ca/en/public-health/services/diseases/2019-novel-coronavirus-infection/health-professionals.html https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT04252664 https://milkeninstitute.org/covid-19-tracker https://doi.org/10.1016%2FS0140-6736%2820%2931022-9 https://www.theguardian.com/world/2020/apr/23/high-hopes-drug-for-covid-19-treatment-failed-in-full-trial

Cloroquina:

A cloroquina e a hidroxicloroquina têm formulações diferentes, embora ambas tenham a cloroquina em sua composição. Usadas tanto no tratamento da malária, quanto no de algumas doenças autoimunes, foram vistas como uma possível salvação, sendo mencionadas por alguns políticos e meios midiáticos e causando grande controvérsia. Muitas pessoas passaram a buscar o medicamento, mesmo ainda estando em testes e não tendo efeito comprovado no tratamento e nem na prevenção da infecção; sem contar seus vários e severos efeitos colaterais, já causadores de morte. Autoridades de saúde já apontaram que não há um protocolo estabelecido para o uso do medicamento, apesar deste ter sido aprovado por algumas organizações oficiais como um tratamento emergencial na ausência de outras alternativas; no entanto, muitos hospitais já suspenderam o uso da substância devido aos efeitos colaterais e óbitos. As pesquisas continuam para que se identifique a real eficácia do fármaco e o quão seguro é o seu uso.

https://www.theguardian.com/science/2020/mar/19/prospects-treatment-coronavirus-drugs-vaccines https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7191468 https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/coronavirus-covid-19-update-daily-roundup-march-30-2020 https://www.fda.gov/media/136536/download https://www.miamiherald.com/news/coronavirus/article241886271.html https://www.nytimes.com/2020/04/12/health/chloroquine-coronavirus-trump.html https://www.thedailybeast.com/chloroquine-study-ended-in-brazil-after-patients-developed-irregular-heart-rates https://www.ny1.com/nyc/all-boroughs/news/2020/05/07/hospitals-in-nyc-abandon-hydroxychloroquine-treatment-touted-by-trump-

Favipiravir

Estudos iniciais mostraram a eficácia do Favipiravir no tratamento de alguns pacientes na China, tanto na eliminação do vírus no organismo, quanto no tratamento de sintomas como febre e tosse. No entanto, não interferiu no agravamento da doença, os pacientes progrediram da mesma forma para estados mais avançados, como a necessidade de uso de respirador. O uso experimental deste fármaco foi aprovado em alguns países, apesar de informar à população que seu uso não tinha eficácia comprovada. De acordo com as evidências atuais, o Favipiravir pode ser menos efetivo quando o vírus já se multiplicou ou em quadros mais graves da doença, além de potencialmente não ser seguro para gestantes. Mais estudos estão sendo realizados para comprovar os efeitos e o quão seguro é o uso do medicamento. https://www.theguardian.com/world/2020/mar/18/japanese-flu-drug-clearly-effective-in-treating-coronavirus-says-china https://www.independent.co.uk/news/world/asia/coronavirus-treatment-anti-viral-drug-favipiravir-avigan-wuhan-china-a9408066.html https://www.technologyreview.com/s/615394/covid-19-coronavirus-best-drugs-in-treating-the-outbreak/ https://aifa.gov.it/-/aifa-precisa-uso-favipiravir-per-covid-19-non-autorizzato-in-europa-e-usa-scarse-evidenze-scientifiche-sull-efficacia https://asia.nikkei.com/Spotlight/Coronavirus/Germany-to-buy-Avigan-from-Japan-to-fight-coronavirus Nitazoxanida:

A Nitazoxanida também é alvo de diversas pesquisas. No Brasil, conhecido como Anitta, o medicamento adquiriu o foco com a declaração do então ministro da Ciência e Tecnologia. Ele demonstrou uma grande eficácia em estudos in vitro, mas pesquisas já publicadas apontam que essa eficácia só é atingida com dosagens altas, que se mostraram tóxicas. Portanto, além de ser inconclusiva sua real eficácia, o medicamento também não vem sendo o foco dos novos estudos. https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acscentsci.0c00272 https://www.scholarsliterature.com/journals/la-prensa-medica/fulltext/preprocessing-of-the-candidate-antiviral-drugs-against-covid-19-in-models-of-sars-cov2-targets https://www.ictq.com.br/assuntos-regulatorios/1418-annita-e-mais-toxica-que-cloroquina-no-combate-a-covid-19-diz-pesquisa

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